ESPELHO
ESPELHO
Há um século atrás
Por encomenda fui feito,
A pedido de um Barão,
Mãos hábeis sem pressa
Em busca da perfeição.
O objetivo final aferir
Os adereços complementando,
Endossando o belo sorriso,
Alimentando uma ilusão!
O feio tornar-se belo
A procura de uma paixão.
Meu corpo torneado,
Silhuetas adensadas,
Tudo muito bem planejado,
Bem assentado com altura regular,
Os olhos bem arregalados como a de um falcão.
Muitas verdades eu vivi,
Do blush a gravata,
Do espartilho apertado,
O roxo ao Arco-íris,
Das intimidades sussurradas
Presenciei e as ouvi.
Jamais, todos os anos passados menti.
Fiquei cego, me deixaram de lado.
Entre traças e insetos permaneci isolado.
Tudo que é criado tem serventia,
O inanimado gravado partilha o passado.
Um artesão ousado, juntando peças do que sobrou!
Alinhando com dificuldades e muita inspiração,
Dá forma na sua imaginação,
Incorpora a imagem de um novo Barão,
Partindo com presteza e precisão,
Faltava uma perna, achou solução,
Senti-me rejuvenescido, sem poder
Fiz o que pude, indicando os caminhos
De volta a minha composição!
Em cada descoberta sentia alegria do artesão!
Logo, logo diante de tanta destreza
Tive a grande certeza que recobraria
A minha visão, colocando novos olhos,
Para poder expressar a minha gratidão,
Em retratar a beleza da sua neta do coração. .
Partilharei uma nova fase conhecendo novos trajes,
Sem sombras nas veredas por faltar pouco a pintar!
Vou retratar o arco-íris, vou gravar novas paixões...
BTE -15/12/2011 –Atalir Ávila de Souza-17:00horas