Madrugada de 7 de julho de 2015

Tudo branco em paz se apraz o branco do Apraz.

Escrever não é terapia, não é parto, não te faz farto tampouco filho. Escrever não é domínio nem domingo, não é sábado nem babado, nem modismo, erotismo macho bosta ou “veado”. Escrever não é descoberta, nem procura, não é ouro, prata ou cobre, não está vestida ou desnuda, não é rua nem avenida, nem voo ou aterrisagem, não é quarto fechado, alcova, escova, pasta, dente, boca ou paisagem, não é nada nem tudo, não é cura ou Kurosawa, nem rei nem vagabundo, nem o submundo da saudade. Escrever não é fuga nem afago, nem figo nem quiabo, não traz solução para o problema, não tem esquema, bula, equação, estratagema; não é longe nem perto, nem aqui, kiwi ou banana; não tem raça, cor e credo, nem cruz credo que ameaça; não trapaça ou joga limpo, não está no limbo, céu ou inferno. Aos olhos postos no céu azul, sem nuvem, podemos ler o verso... Nenhum verso estava ali, fizemos/falamos/escrevemos/sentimos para dor ou prazer em nós. Tudo é para si – nem sílaba que entre, nem poemas que saia – tão somente si. De resto fica a impressão da opção de parar ou andar ou correr ao redor do mundo, mesmo sabendo que poderá acabar no mesmo lugar.

André Anlub