Tarde de 2 de julho de 2015

Pensamento nada vago

As causas principais de alguns gritos atualmente são justamente o combate ao patriarcado, ao machismo intrínseco e muitas vezes explícito, e a visão de domínio dos homens no mercado de trabalho. Tenho total propriedade dessa visão (pelo menos acho), pois já desconstruí minha vil machidão de criação, e atualmente admito cada passo à frente dado por essas lutadoras até o momento. Até ai tudo bem (para mim); mesmo porque elas não necessitam de minha admissão em nada (tenho plena consciência disso). Ao ver/ler algumas pessoas não querendo a cumplicidade, quiçá o “dedão de positivo” em riste e, muitas vezes, sequer a presença masculina nas lutas, chego a uma triste bifurcação: ¿ já que sou excluído devo simplesmente continuar vivendo minha vida tratando todos com respeito e sem discriminação, sendo um homem que acerta e erra muito, tem visão e cabeça amplas, aceita as qualidades e defeitos alheios... mas mesmo assim ter que olhar com indiferença para uma certa causa? – Ou devo procurar outro movimento, com menos radicalismos, com mais flexibilidade (não na luta), em que me encaixe, seja aceito e possa contribuir? Tenho como princípio a comprovação de que toda ajuda é valida. Muitos homens acordam tendo que provar sua masculinidade ao longo do dia; foram criados assim e sequer sabem que são machistas, apenas vivem. Quando se tira o homem da luta, tira-se também a possibilidade dele desconstruir esse pensamento atrasado e atravancado, tira-se dele a possibilidade de mostrar o caminho aos amigos e aos filhos, e mostrar/admitir/repassar que há como coexistir sem oprimir e ser oprimido.

André Anlub