Estrada, pó, poeira... (Claude Bloc)

A lua insistiu em aparecer e sorrir para o dia quente e ensolarado. A tarde já caminhava para o seu final, mas a Natureza vicejava em sua paz e calorosa acolhida.

O verde esteve ali naquelas cercanias - lembro - brilhando nas folhas, nas gotas de chuva, mas hoje observo que a cada semana, aquele frescor vai se escondendo em tons ocres e uma secura calorenta vai se espalhando pelas paisagens, pelos corredores das estradas.
 
O vento e a brisa estão escondidos nas sombras das árvores, nos troncos rígidos, embaixo das pedras... Nada se mexe. Só uma emoção meio desolada comove a gente. Os sorrisos teimam em se esboçar no rosto e nos lábios das pessoas na esperança de que tudo se transforme e a vida daquele lugar não feneça. Sorrir alimenta os sentidos. Apaga as desesperanças. Sufoca o calor na alma da gente.

E assim passeia a lua acompanhando os passantes, mantendo em sua altiva claridade um sorriso largo de bem-aventurança. Segue pelo céu zombando de nossa pena, de nossa agoniada ansiedade. E vai boiando pelo azul olhando de esguelha para o sol, esperando a noite chegar para entrar no seu reino de sutilezas.