Sob cinzas
O dia amanheceu indisposto, vendo o céu encoberto de nuvens espessas. Há um pássaro triste, mesmo vivendo em liberdade. Sem emitir nem um 'piado', ele olha a roseira triste, que vive num jardim também triste. O sol nem consegue resgatar os pingos de orvalho caídos sobre algumas rosas que sobrevivem, murchas, de pétalas fechadas e desconsoladas. Em volta tudo é sombrio... Cinzas, foram o que restaram dos tempos idos, quando a primavera cuidava de florir não somente o jardim, mas toda aquela circunvizinhança. Não há mais crianças brincando naquelas redondezas, porque a maioria dos passarinhos migrou para outras regiões. As borboletas não mais se reproduziram, mediante a escassez das flores. Não mais se encontra mel disponível no comércio, tendo em vista que as abelhas abandonaram os cortiços. A palidez acentuada na flora local, evidencia as mudanças ocorridas num breve espaço de tempo e o quanto esse mesmo tempo inclemente, sabe ser omisso e se esquece de nós!
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Ísis Dumont