ABSOLVIÇÃO PELO VERSO

Novamente a palavra poética enleva todo o invólucro. Surge na cuca mais um poema. O escondido alter ego toma conta de mim e vomita o sigilo. Agrada-me depor para a posteridade, mesmo quando a fala relata intimismos. Ao menos fica o registro desta ponte passadiça, de como a vejo e sinto. Com a cara limpa de quem tem coragem pra depor sobre a condenação de viver na corda bamba do lírico-amoroso. Esta é a reza cristalina do pedir perdão. Das tantas penitências que deixei de fazer ao passar o rio sob a ponte sem olhar pra trás... O verso me absolve de tantos erros e esquecimentos.

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5384048