Manhã de 20 de maio de 2015

Sem visionar um futuro não haverá mais nada para se ouvir além de tudo que se ouve e sempre houve

Já era previsto meu visto ao mundo absurdo do ressurgimento. Já era o momento e já era – acabou – já foi. Já acabaram as fatias do bolo e do tolo e seu falso ouro. Agora, no tempo certo, acabam a penúria e os vinténs. Caindo de cachola no muito ingênuo de honras e glórias, tudo próprio e interno, no adentro contentamento. As luzes pipocam, o som é “da hora”, as luas sorriem no céu. Muitas pegadas na areia, e queima a fogueira, o mar salivando o sal benzido das Sereias e Sereios e o meu e o seu. Ostentação de metáforas, dialéticas com os deuses, no bate-papo sadio, sábio e social. Nas gargalhadas trocadas, nos apertos de mãos, nos tapas nas costas e conselhos de direção. No olhar sincero, no tiro que é certo, abstrato e concreto, no reto e no reto. Nenhum de nós há de saber, há de entender a perícia dos grandes lá em cima. Vejo as árvores crescerem dando sombra e fruto, mas de nada vale aos olhos de muitos. Na poética momentânea, no instantâneo estalo que abre a mente e põe dentro uma ideia. Acede-se a luz na alma e faz-se uma luz tão absurdamente forte que cega os olhos e só ficam os pensamentos. A meu ver assim se faz a inspiração. Não é à toa que muitos se concentram a tal ponto que entram em uma espécie de transe – “transa” sexual com a mente. É uma espécie de meditação às avessas, pois tudo ao mesmo tempo naquela hora pode atravessar a linha do raciocínio. É trem expresso; é avanço e retrocesso; é o Rei subordinado e o escravo tomando posse; é o círculo tornando-se quadrado, e o quadrado perdendo as pontas. Aquele clima frio, o céu totalmente branco com nuvens aparentemente de espessuras grossas; noite calma com os bichos de sempre. A luz fria da garagem serviria para iluminar as telhas e não deixar que morcegos transitem pela área. Mas está apagada... Prefiro assim, deixo assim e viajo...

André Anlub