Nos jardins secretos de Van Gogh
Meu olhar voyeur de estrelas é ousado, é nu, é bronzeado pelos sóis de Van Gogh. Reflete certo brilho longínquo de eclipse de lua e flor. Esses meus faróis multicor sangram, enrubescem, se obcesnam e deságuam na confluência aturdida de serenos sonhos.
Meu olhar é reflexo de vertigem poética inaudível, saudando a imensidão simbólica dos mistérios que perfumam a minha imaginação de sonhadora, no voluntário exílio dos meus girassóis
Meu olhar insone alimenta o ritual sagrado da dança das palavras, no instante fecundo de versos viscerais, espalhando pétalas pelo meu fetal sorriso, libertando borboletas aprisionadas que cheias de espanto se transformam em rubro estrofe.
Meu olhar é sensação, é enigma, é textura, é odor semântico copulando com a insanidade. Meu olhar é lucidez insana, vestido de poesia para acompanhar a imperfeição perfeita da sinfonia dos meus acordes rubros pelos labirintos do meu jardim secreto.
(Edna Frigato)