ESTADO DE GRAÇA
Ao amanhecer, desperto com o gotejar da chuva e o farfalhar das folhas movidas pelo vento, sinto o cheiro de mato verde e terra molhada entrarem pela fresta da janela inundando meu quarto com um delicado e gostoso aroma.
Volteio a cabeça para o relógio sobre o criado mudo, ainda é cedo - penso. Num impulso, levanto-me e vou até a janela entreaberta, tomando cuidado para não despertar meu amado que ainda dorme profundamente.
Respiro aquele ar puro de terra lavada. Que gostoso é estar aqui, rever toda essa paisagem silvestre, dá até para fazer uma analogia meio que desconexa com um denso tapete verde sobre a relva orvalhada a perder-se de vista.
Ao longe, ouço o cântico dos pássaros, sinfonia desordenada, mas que chega a mim como uma prece da Ave Maria - sensação indescritível.
Ponho sentido a todos os sons a minha volta, galos cantando, vacas mugindo em alvoroço com a ordenha, uma cachoeira próxima, não a vejo, mas, ouço a queda d’água caindo no remanso do rio, que calmamente segue seu curso, conheço bem esse lugar – sorri. O pasto é extenso, dá pra ver alguns cavalos e vacas comendo seu desjejum, grama fresca e farta.
Inicio de primavera, é lindo observar o despertar de um novo ciclo de vida, arvores de copas frondosas renovando suas roupagens, o jardim com suas variadas flores logo abaixo da janela, exalando seus perfumes. Extasiada com tanta beleza, só percebo que a chuva ficou mais forte quando respinga em meu rosto, não resisto a peraltice, coloco a mão para fora da janela só pra sentir o toque abençoado da água da chuva, por segundos, revivi doces momentos da minha infância, então, fecho a janela e volto pra cama.
Quisera dividir aquela sensação de paz e beleza com meu amor, mas como desperta-lo de um sono tão pesado? Cuidadosamente tateio seu corpo, brinco com seus lábios e roubo-lhe um beijo. Enlaço seu corpo num leve abraço e volto a dormir, em estado de graça e convicta que minhas férias na fazenda foi mesmo a melhor escolha.
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Eriem Ferrara
Ao amanhecer, desperto com o gotejar da chuva e o farfalhar das folhas movidas pelo vento, sinto o cheiro de mato verde e terra molhada entrarem pela fresta da janela inundando meu quarto com um delicado e gostoso aroma.
Volteio a cabeça para o relógio sobre o criado mudo, ainda é cedo - penso. Num impulso, levanto-me e vou até a janela entreaberta, tomando cuidado para não despertar meu amado que ainda dorme profundamente.
Respiro aquele ar puro de terra lavada. Que gostoso é estar aqui, rever toda essa paisagem silvestre, dá até para fazer uma analogia meio que desconexa com um denso tapete verde sobre a relva orvalhada a perder-se de vista.
Ao longe, ouço o cântico dos pássaros, sinfonia desordenada, mas que chega a mim como uma prece da Ave Maria - sensação indescritível.
Ponho sentido a todos os sons a minha volta, galos cantando, vacas mugindo em alvoroço com a ordenha, uma cachoeira próxima, não a vejo, mas, ouço a queda d’água caindo no remanso do rio, que calmamente segue seu curso, conheço bem esse lugar – sorri. O pasto é extenso, dá pra ver alguns cavalos e vacas comendo seu desjejum, grama fresca e farta.
Inicio de primavera, é lindo observar o despertar de um novo ciclo de vida, arvores de copas frondosas renovando suas roupagens, o jardim com suas variadas flores logo abaixo da janela, exalando seus perfumes. Extasiada com tanta beleza, só percebo que a chuva ficou mais forte quando respinga em meu rosto, não resisto a peraltice, coloco a mão para fora da janela só pra sentir o toque abençoado da água da chuva, por segundos, revivi doces momentos da minha infância, então, fecho a janela e volto pra cama.
Quisera dividir aquela sensação de paz e beleza com meu amor, mas como desperta-lo de um sono tão pesado? Cuidadosamente tateio seu corpo, brinco com seus lábios e roubo-lhe um beijo. Enlaço seu corpo num leve abraço e volto a dormir, em estado de graça e convicta que minhas férias na fazenda foi mesmo a melhor escolha.
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Eriem Ferrara