O tempo passou e deixou-me vazia de palavras. Da boca elas fluem rápidas, precisas e até mesmo belas, mas na escrita elas querem voltar atrás, serem reescritas, repensadas, mais bem costuradas...
Quando falo, prendo a atenção, cativo e até mesmo convenço com argumentos, mas na escrita, fico convencida de que nada será dito, nada ficará claro e deixarão minhas palavras sozinhas, pois nada significam. Não mais! Agora consigo falar muito bem!
No entanto, a fala me limita aos que me estão próximos, enquanto a escrita... Ah, a escrita! Ela é a forma que tenho para alcançar outras mentes; ela encontra os olhos dos meus interlocutores e ao encontrar esses olhos, não tem a pretenção de convencê-los ou encantá-los. Não. Ela só carrega em si a esperança de ser tocada com olhares carinhosos e tolerantes. Ela quer dizer o que ainda não disse, mas precisa ser melhor trabalhada, encontrar na mente a mesma agilidade que as mãos demonstram e já estão dizendo o que pensam.
Ou, encontrar no coração o gênesis de seu acontecimento e, se assim for, o tempo terá que me devolver mais do que palavras... Terá de me devolver a saúde perdida, a calma ao anoitecer, a simplicidade de estar com quem amo, a vontade de estar com quem amo, o controle das rédeas da minha vida. E isso já está acontecendo: não confundo mais tanto as palavras, não confundo mais uma pessoa com a outra (só de vez em quando, rsrs), mas sei que estou sendo cuidada por cada um deles. Sinto que os machuquei, sinto que já fui machucada por eles... A cada dia descubro um pouco mais a beleza de estar bem e viva. E, assim sendo, estou confiante no cuidado que todos têm comigo.






 
miriangarcia
Enviado por miriangarcia em 10/09/2015
Reeditado em 08/12/2019
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