Nos dias que...

Tem dias que acordamos com a impressão de era melhor ficar na cama um pouco mais. Hoje logo de manhã, enquanto colocava o café pros meninos, Jorge começou de implicancia com Jorginho. Fazia tempo que isso não acontecia, meu Deus como meu marido anda nervoso! Acho que é menopausa masculina. Li numa revista que a Isabel assina, que homem também tem essas coisas, só que o nome é diferente. Pois bem, tava o menino tomando café, quando sem querer derrubou o pote e doce de mamão que Cléia mandou, foi caco de vidro e doce pra todo lado. Bastou. Jorge levantou já pegando Jorginho pelo braço, chamando o moleque de bestalhado, sacudindo o pobre que nem bujão de gás. Voltei da cozinha assustada com o vozerio dos dois e tentei acalmar os ânimos, sobrou pra mim. Jorge parecia um louco, gritando que o doce era dele por isso que eu não ligava, e ainda falou que não dei educação pras crianças, que puxaram todos a mim. Olhei meu marido e não acreditei, mas como sou bem mandada, sentei calmamente e disse pra ele que educação eu tinha e dava aos meus filhos todos os dias e, que se tinha alguém sem um pingo de educação lá em casa, era ele que nem sabia o que era croquete, pisei fundo, sabia que falar de croquete era a minha vingança e ele também. não gosto de magoar o Jorge não, mas tem dias que só vai na ignorância. Sorri daquele jeito que ele bem conhecia balançando as pernas. Meu homem saiu cuspindo marimbondo para a obra, os meninos foram pro curso o outro para o trabalho, e eu fiquei lembrando do casamento da filha do prefeito de Santa Cruz, um festão! Jorge tinha feito obra na casa dos noivos e fomos convidados. Na festa, um monte de garçons servindo os salgadinhos e bebidas, Dona Creuza muito danada disse que comia de tudo menos croqueti, que esses bolinhos eram feitos de carne duvidosa. Jorge ouvindo isso, agarrou meu braço e disse se eu sabia o que era croquete e que quando os homens viessem servir pra eu e os meninos não nem tocarem. olhei pra ele e falei que crequete era aquele bolinho delicioso que ele já tinha comido mais de dez. O homem ficou verde! Pegou os meninos e fomos embora. No caminho Jorge olhou pra nós como se tivesse sido traído dizendo que eu tinha deixado ele comer carne estragada, e que nunca mais nós ia a festa de bacana, que festa mesmo era de pobre que faz comida decente pro povo comer. Quase chegando em casa, quando já tinha passado a raiva eu dissae pra ele que croquete é um bolinho gostoso e que não sabia por que aquela palhaçada, pois eu mesma já tinha até feito em casa. Ele caiu em si, sem deixar perceber, e falou que o que eu fazia era diferente e que preparasse o chá pois íamos todos ficar doentes. foi demais! Caí numa gargalhada que não controlava. Os meninos chorando perguntavam pro pai se podiam morrer, pois também tinham comido o tal bolinho. e eu ria de doer a barriga. Ninguém morreu, mas ficamos quase uma semana sem namorar. Passei as mãos na cabeça, olhei o chão sujo, as formigas já chegando, e pensei em fugir de casa. Tem nada não, vou na vendinha do zeca comprar mamão verde. Stelamaris

stelamaris
Enviado por stelamaris em 23/06/2007
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