A igrejinha.

Moço

saiba que de onde venho

da fazenda

onde há um engenho

depois da serra

da boa esperança

que têm no alto uma igrejinha

onde reuníamos

para ouvir a fala do pastor...

Havia também o cafezal

em baixo o campinho de futebol

o lugar dos festejos

de um tempo de pura alegria.

A "venda" era o ponto de encontro obrigatório

e no andar de cima

me divertia muito olhando da sacada

quem chegava e partia.

Lembro da vez quando ninguém se lembrava

do tal segredo do cofre

onde se guardava poucos trocados

tivemos que buscar de charrete

depois da serra

passando pelos "vilete" o primo Antônio,

o pescador

que para espanto de todos

o único que possuía na cabeça

o código que abria o danado do cofre

fato que até antes de partir,

o dito, tido como "boa vida"

se gabava de ter "salvo as finanças" da família.

Moço

comigo trago muitas lembranças,

de vez em quando para levar flores aos que repousam

em Espera Feliz,

da estrada avisto a igrejinha.

Algum dia tomo coragem

entro na estradinha de terra

subo até lá no alto,

canto um hino

leio um salmo,

mas por favor não me peça para não chorar...