Minha rua tem fronteira
Eu moro do lado de cá da rua,
as casas são azuis, um azul celeste,
e as crianças são vacinadas,
do outro lado, a chva venceu as cores
e as crianças brincam na enxurrada;
do lado da minha casa tem vitrines,
do lado oposto tem feiras livres,
diplomas decoram paredes das casas azuis
notificações e intimações, nas casas desbotadas
os pontos de ônibus são todos do lado de lá,
do lado de cá tudo chega on line,
de um lado tem vários doutores.
do outro só tem delegados,
as crianças aqui vão à escola,
as crianças de lá vão à cola;
Tem fronteira que divide a rua;
o Equador separa os hemisférios,
onde de um lado fica o céu,
e, do outro, não chega o Papai Noel,
Maniqueísmo, assentado no bem e no mal;
Lados opostos da imobilidade social