... veneno e vício

[...]

... Porque sempre haverá a dor repousada nos meus poros diante da lanugem aflita; teu cheiro tem esse princípio _ o veneno latente que me esquenta. E devagar eu vagueio. Sem tino. Sem norte. E entorpeço.

E beijo o dorso das mãos inclinando os lábios nos joelhos; e degusto as rodelas sentindo o meu próprio cheiro. Cio de ópio enlouquecido; _ desejo de rios e de todas as nascentes. Vontade do que se desprende. _ Um visgo no escuro descendo lento como os fios que se prolongam num gemido.

E não me contento. Preciso do sangue a descer-me dos lábios. Pois mordi-os como sempre fiz e ainda faço. E impenetrável te dedico todos os meus gritos dentro dessa crueza tão adormecida.

E na concha das minhas mãos tomo-te como na doçura ávida de todas as lonjuras; esse delicioso veneno.

Esse vício.

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Phil Collins - One More Night

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 04/09/2015
Reeditado em 04/09/2015
Código do texto: T5370798
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