Belle dormant
Imagino que, a esta hora da noite, Camila dorme.
Numa torre junto ao mar no país das naus posta-se à janela, e deixando-se levar pelo barulho das ondas adormece; pacífica como uma criança, uma mão pendendo languidamente do parapeito da janela, a outra segurando o belo e corado rosto moreno.
A brisa marítima brinca entre suas lisas madeixas negras, como se velasse por seu sono; seu peito sobe e desce lenta e harmoniosamente à medida que inspira e expira, sonhando, distante, com lugares e coisas ainda mais distantes, no invólucro de seu próprio perfume e das graças particulares que toda mulher (e ela, acima de todas) tem quando dorme.
Do outro extremo do mar estou eu porém; insone, bebo no escuro, sozinho, com a parca iluminação provendo apenas de uma solitária vela, esperando que um dia eu consiga penetrar em seus sonhos e fazer com que ela me ouça chamando seu nome.
Quisera eu saber o que é dormir embalado pelas ondas do mar e os abraços e o perfume de Camila, ao invés de pelas tormentas de meu coração.