Segundo adeus

Ainda nem caiu todo orvalho da madrugada e já não há tempo, mas foi tua a imaginação, foi teu o temor, foi teu o silencio e teu o tributo ao amanhecer.

Foi teu tudo em mim que não te dei, embora tenha dado ao espectro que sorria, certeza de meu desejo e das promessas incompletas. Minha alma adora flerta com as ambições, mas agora não há mais tempo.

Nada é tão fácil de acreditar, a não ser no amor, enquanto é amor. É essa toda farça dos começos, incertezas das coisas certas, certezas das incertas.

Mas eu me despeço, não há mais tempo pra voar entre as arvores que nasceram por teu nome, por tua face imaginada, tua face construída, tua face em meu pensamento “sincera”.

Deslaço-me da mediunidade atenta as tuas aparições e das ferramentas da língua afiada. Desfaço-me de minhas assas e do céu. Serei um mero mortal e deixarei as nuvens para os anjos e a fé para os santos, pois não há mais tempo pra ouvir da tua boca historias de paraísos.

E do teu sorriso a lembrança, orvalho da madrugada que os olhos causaram, imaginaram, temeram, silenciaram e morreram...

Enquanto você desaparecia no silencioso sonho, que não viu o brilho de um luar real.