VESTI-ME DE ROSAS BRANCAS PARA MATAR AS SAUDADES...
Vesti-me de rosas brancas para matar as saudades de lembranças acorrentadas a um passado perdido... e no desalento das horas mortas me desespero arrastando os sonhos que não vivi nas noites insones...
O sol adormece e a noite vai-se desenhando nos perfis do horizonte... a lua ribomba cheia de si... invadindo o céu cadente de estrelas... que se instalam com sofreguidão para beber o luar...
Os fantasmas ensombram os silêncios da calada da noite... e a lua linda e cheia... espreita os sons dos rouxinóis cantando o seu trinado magoado... e se deleita com a maravilhosa visão do universo...
E há as lembranças passadas que carregam amores inventados... mal amados e desencontrados na longa estrada da vida... que me perseguem pela calada da noite...
Quero esquecer as recordações que me atormentam... dormir em noite branda... vestida com as rosas mais belas... brancas e perfumadas que me envolvam no seu aroma suave e acolhedor que quase me adormeçam pela madrugada...
Há gotas de orvalho cintilando nas folhas e nas pétalas de cada flor do jardim... Os sons dos bem-te-vis cantando a sua eterna ladainha e pairando no ar com o seu balé acrobático e delirante me deixam extasiada pela beleza do amanhecer...
Saúdo o ar fresco da manhã e me despeço da sombra ténue da lua que se esvai na penumbra do horizonte... e uma prece bailando em meus lábios se agita no meu olhar como o manto da madrugada que terminou...“Obrigada Deus... amém!”
E mais uma vez... quero vestir-me de rosas brancas para matar as saudades... mas quando a voz do pensamento enfim se cala... vou gritar ao silêncio as lembranças... os aromas... e os sons das tempestades... ainda vagueio perdida numa aurora já sem lua... mas todos os caminhos percorridos agora são meus... e as esperanças embora passageiras reconfortam as ilusões fugidias e afagam a solidão companheira dos meus dias... que dá novo alento às minhas saudades...
By@
Anna D’Castro