Madrugada de 18 de Maio de 2015

Desafio é quando você se enturma consigo mesmo

“Eta mermão”! É brincadeira, é zoeira, dá medo das notícias na tevê, todas terríveis; tanto crime – morte – roubo. As luzes vermelhas piscam o tempo todo em todos os lados; há sombras assombrando os escombros nos ombros dos Diabos; há o medo de faltar dinheiro, medo do desapego, do desemprego, do pé no prego e de arrebentar o tendão; há o temor de não sentir mais dor, não guardar o segredo, quebrar o elo, o gelo e o dedo, carregar a sina ao descobrir no espelho que você é um psicopata homicida. Mas isso é tão normal... É loucura mesmo, ou o mundo está mais normal e eu que enlouqueci de vez? Pois até sei que de vez em quando dou uma de maluco para me sentir mais em casa. Mas vamos à história: Hoje pela manhã derrubei seis abacates do pé daqui de casa antes que caíssem na cabeça dos cachorros. Os coloquei em uma sacola de mercado, dessas sacolas comuns biodegradáveis, bem fracas mesmo; e mesmo sabendo que hoje não era dia do lixeiro, coloquei-a lá fora na minha lixeira que fica no alto para caso alguém passasse e se interessasse e levasse. O inusitado absoluto aconteceu... Levaram a sacola e deixaram os abacates. É ou não é uma singular loucura?

Mudando de assunto e continuando no mesmo (loucura): a dica é discar direto, falar ao vivo e se comunicar muito sabendo sempre ouvir. Ontem vi sinais de fumaça, ao longe; de repente era alguma tribo antiga, um elo perdido ou achado, no meio do mato ou no terraço de um arranha-céu. Vá buscar nos anais das assombrações, dos cães chupando manga ou “mangando” do macaco Tião; vá realmente se inteirar sobre a obra e abrir o Abril que por lá é verão. Procure instabilidade nas suas inseguranças, segurando nas mãos das crianças e brincando de roda e pião. Loucas teorias: invista na potencia de sua poesia – invista no cantar e dançar sem melodia – leia versos nas ondas, nos lagos, no céu e no chão. É brincadeira, é zoeira... Pode ser que não.

André Anlub