ADVENTO

Vem! ...

Vem e leva-me contigo, antes que a primavera se esqueça de ser.

Traz-me muitas flores, mas não as arranques ou colhas, de forma alguma.... Entroniza-as e edifica-as em imagens cibernéticas em formato de hologramas e projeta-as sobre mim com o teu olhar, materializando-as, então.

Não demores uma vida inteira, pois o tempo escorre com desdém pelos nossos dedos frágeis, em questão de segundos...

E ao chegares, não te faças anunciar, pois há sensores invisíveis, detectores de presença, de pensamentos e sentimentos, que vão estar sintonizados a tua aura azulada.

E ao me vires, não repares em minhas vestimentas nem em meus adornos, todavia vê as vestiduras de minha alma que estará ornada de sol, sendo tão diáfana como vento, que por nada se detém, mas deixando fluir o sentir das emoções guardadas e retidas...

E quando me tocares, será um misto de infinitude, que amalgamada à luz do amanhecer, vai fazer brotar anseios perdidos nas dobras da aurora, perpetuando o instante eterno, onde o cosmos conspirará favorável a nós, intensamente.

Podes vir acompanhado do Sol ou da Lua, todavia não contes nada às Estrelas, que enciumadas, estarão acesas e cadentes, apenas para te confundir e distrair, e assim, perderes o rumo do coração.

Não venhas de condução convencional, pois que esta é demorada, insólita e desatualizada.

Utiliza-te do transporte quântico, da energia vital e da luz, em ti contida, para te tornares um ser onipresente e onisciente.

Em preparação ao teu advento, não me vestirei do roxo sacrificial, mas do azul celeste para onde voaremos por entre nuvens brancas de algodão por breves indescritíveis eras ancestrais.

Sem mais postergares, vem e me convida a dançar e bailaremos ao ritmo da vida que pulsante, existe dentro de cada um de nós...

Então, vem!