MEUS AVÓS

MEUS AVÓS

Quanto tempo vivi sem eles

o mesmo que cresci com eles,

quanta saudade, quanta nostalgia

quando me lembro dos dias da farinhada,

Do sítio e da caminhada,

a tarde chegando e a passarada!

Meu avô gritando; Nêgo a vá buscar a vaca,

minha avó xingando ao pisar na jaca!

A copa do abacateiro amarela de canários

o vento soprando a palha da bananeira,

e o pôltro descendo da ribanceira,

num galope aloprado de fim de tarde.

Os pássaros buscando abrigo, o cheiro da noite,

O murmúrio, a Ave-Maria, tenho medo do mocho!

A silhueta da serra da Borborema, visão da Paraíba!

O gorjear da asa branca, o orvalho molhando flor!

O cheiro de amor que meu avô me dava.

Êta! Saudade! Danada.

A galinha de capoeira que minha avô cozinhava.

Meu avô, minha avó - Vocês não deviam morrer

tuas faltas me fazem sofrer!

Mesmo assim preservo o alvorecer

das mangas maduras caindo do pé,o ruído

abafado da queda sobre o tapete de folhas secas.

O balaio cheio de manga madura, umas espada,

outras rosa, todas rosadas de tanta douçura.

O mato subindo na capoeira, o anum sugando

o néctar da flor do arroz semente ainda nascedouro,

o espantalho inerte já não mais assusta a fúria

faminta das aves voadoras!

As nuvens cobrindo a serra, o vento soprando fino

no fim da tarde, ameaça chuva.

Cadê meus avôs, onde está meu regaço de tempos

passados que não verei jamais!

Cabo Frio - 17/09/2014. Zeantonio.

Zeantonio
Enviado por Zeantonio em 28/08/2015
Código do texto: T5362844
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