Lápis

Lápis

Acordo no meio da noite

e saio perambulando pela casa , tudo é silêncio ,tudo é paz ...

Entro nas alcovas do primogênito e do caçula ,dois irmãos quase iguais e tão diferentes .

Um quarto metódico com tudo arrumado ,outro com tudo revirado ,embolado , gavetas no chão ,cama por fazer ...

E eis que vejo pontas de lápis , que foram manuseados pelos dois , vislumbro os sonhos e anseios desenhados à grafite .

E a noite adentra na escuridão da alma ,

na escuridão de minha densa saudade ,

respiro o gelo da brisa noturna

que adormece as emoções,

e as canções de ninar .

São apenas pedaços esquecidos de lápis , pedaços esquecidos de vida , pedaços de arte , de sorte , de sonhos riscados num branco papel , que o tempo tornou pardo .

E assim são minhas noites , perambulando pelos corredores antes alegres, cheios de vida e de desenhos pueris nas paredes brancas .

Porém os desenhos feitos por esses lápis esquecidos , são agora do Mundo

são eternizados por uma coisa chamada ARTE .

E eu estarei aqui esperando ,orando, esperando, orando ...

Já amanheceu a Lua se escondeu , agora será somente eu e a multidão diurna que me envolve ,mas não me absorve .

Espero por outra noite,

para perambular pela casa ,

onde tudo é silêncio

tudo é paz .

Adriana Noronha

ADRIANA NORONHA
Enviado por ADRIANA NORONHA em 28/08/2015
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