Lápis
Lápis
Acordo no meio da noite
e saio perambulando pela casa , tudo é silêncio ,tudo é paz ...
Entro nas alcovas do primogênito e do caçula ,dois irmãos quase iguais e tão diferentes .
Um quarto metódico com tudo arrumado ,outro com tudo revirado ,embolado , gavetas no chão ,cama por fazer ...
E eis que vejo pontas de lápis , que foram manuseados pelos dois , vislumbro os sonhos e anseios desenhados à grafite .
E a noite adentra na escuridão da alma ,
na escuridão de minha densa saudade ,
respiro o gelo da brisa noturna
que adormece as emoções,
e as canções de ninar .
São apenas pedaços esquecidos de lápis , pedaços esquecidos de vida , pedaços de arte , de sorte , de sonhos riscados num branco papel , que o tempo tornou pardo .
E assim são minhas noites , perambulando pelos corredores antes alegres, cheios de vida e de desenhos pueris nas paredes brancas .
Porém os desenhos feitos por esses lápis esquecidos , são agora do Mundo
são eternizados por uma coisa chamada ARTE .
E eu estarei aqui esperando ,orando, esperando, orando ...
Já amanheceu a Lua se escondeu , agora será somente eu e a multidão diurna que me envolve ,mas não me absorve .
Espero por outra noite,
para perambular pela casa ,
onde tudo é silêncio
tudo é paz .
Adriana Noronha