Penumbra.
A minha alma negra já não quer mais se mostrar. Mas, travando batalha comigo mesma, eu mostro.
Toda a imundície que fica alojada em mim, eu mostro, e assim está bem. Toda a falta de jeito, de zelo, todo o medo, eu mostro. Prefiro assim.
Eu gosto da parte quebrada, torta e empoeirada que me permeia. Também é parte minha, tal como o lado bom.
Nada é somente luz aqui.
Há muitas sombras também.
Mas eu gosto.
É na penumbra que nascem as melhores produções poéticas, as prosas genuínas, marcadas a ferro, sangue e tinta.
E um sopro qualquer.
E eu gosto disso.
Afinal, a incompreensão é o preço a se pagar por um pouco de dialética e poesia.
As armas estão munidas e os canhões, preparados. Granadas voam pelo ar como estrelas-cadentes.
Mas não há o que temer.