Penumbra.

A minha alma negra já não quer mais se mostrar. Mas, travando batalha comigo mesma, eu mostro.

Toda a imundície que fica alojada em mim, eu mostro, e assim está bem. Toda a falta de jeito, de zelo, todo o medo, eu mostro. Prefiro assim.

Eu gosto da parte quebrada, torta e empoeirada que me permeia. Também é parte minha, tal como o lado bom.

Nada é somente luz aqui.

Há muitas sombras também.

Mas eu gosto.

É na penumbra que nascem as melhores produções poéticas, as prosas genuínas, marcadas a ferro, sangue e tinta.

E um sopro qualquer.

E eu gosto disso.

Afinal, a incompreensão é o preço a se pagar por um pouco de dialética e poesia.

As armas estão munidas e os canhões, preparados. Granadas voam pelo ar como estrelas-cadentes.

Mas não há o que temer.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 26/08/2015
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