ELA DANÇOU...
Era uma vez... Em uma cidade muito linda... Vivia um casal de Bem-te-vi que encantavam a todos com a alegria ao cantar e saltitar pela cidade...
Podia fazer frio ou calor... Lá estavam eles se abraçando... Beijando... Demonstrando um verdadeiro amor diante dos olhos de todos da cidade.
O Bem-te-vi era altivo... Doce... Companheiro... Sempre estava ao lado da sua companheira protegendo-a...
Mas, às vezes ele voava... Voava... E sempre que retornava trazia no bico um presentinho para a amada... Uma flor... Uma folha... Uma semente... Uma fruta...
E sempre que ele alçava estes voos... Ela ficava como uma criança a espera do presentinho que o amado iria trazer...
A Bem-te-vi... Era doce e nobre companheira... De uma presteza incalculável... Não media esforços para agradar... Para promover harmonia na convivência do casal...
Mas... Um dia... O Bem-te-vi voo... Voo... E sumiu...
A pequenina Bem-te-vi ficava inquieta... Preocupada... O seu coraçãozinho batia... Batia... E nada do companheiro retornar...
Então... Ela resolveu voar... Voar... E chamar pelo o amado... E nada...
Anoiteceu... E sem poder fazer mais nada... A pobrezinha foi para o seu leito rezar e pedir proteção para que nada de ruim tenha acontecido ao seu companheiro...
O tempo foi passando... Passando... E nada...
A Bem-te-vi passava os seus dias esperando... Ou procurando pelo amado.
A saudade... Ia invadindo o seu coração... O medo veio visitá-la...
Os dias foram ficando escuro como a noite... As lágrimas não cessavam... Rolavam dia e noite...
Ela cantava... Cantava... E o seu canto não tinha retorno...
Em uma madrugada fria... Inesperadamente... Ele voltou... Cheio de mistério... E não queria papo e nem explicar nada...
Ela estava feliz... Muito feliz... Por vê-lo bem... Mas, muito incomodada pelo silêncio dele...
O Bem-te-vi sério... Muito sério... Pediu que a Bem-te-vi o acompanhasse...
Já estava escurecendo...
Mesmo sem entender... Lá foram eles...
Voaram... Voaram... Voaram...
Em um determinado momento... Ele colocou uma venda em seus olhos... E falou em seu ouvido... Confia em mim... Não tenhas medo... Eu te guiarei...
E assim... Mesmo com o coraçãozinho apertado... Dolorido... Ela confiou...
Ele... Mansamente a conduziu...
Ao chegar a onde ele queria... Ele tirou a venda dos olhos dela...
E ela sem entender nada... Simplesmente olhou para ele...
E ele com seu jeito alegre... Pegou-a no colo... E foi para janela daquela casinha...
E diante deles... Lá estava ela...
A lua cheia... Linda... Convidativa para uma noite de amor...
E ela deslumbrada pela beleza da lua... Pela maravilhosa vista da cidade... Que ficava lá embaixo... Como um mar de luzes...
Sem que ela pudesse falar nada... Ele abraçou-a e deu-lhe um demorado beijo de amor...
O coraçãozinho dela batia... Batia descompassadamente...
E ele falou bem baixinho ao seu ouvido...
Meu bem... Este é o nosso tão sonhado ninho de amor...
Foram para o quarto do casal... Amaram... e adormeceram...
Pela manhã... Ele levantou pé por pé... Sem fazer nenhum barulho...
Foi para a cozinha... E preparou um belo lanche para a sua rainha...
Abriu a janela... Deixou o sol entrar... Pegou a sua viola... E cantou... Dando viva ao sol...
E ela acordou... Estava feliz... E ao som da voz do amado... Ela dançou... dançou feliz... Dando viva ao sol... A vida... Que estava recomeçando...