Ando devagar
Há décadas ando devagar... Um arrasto cansativo, uma espera dolorida de quem precisa chegar. Chegar... Não sei onde desejo chegar, mas sei que não desejo ficar.
Preciso ir, mesmo que seja devagar; cada passo um arrasto... Mas já dei um passo, desplantei-me do chão num impulso do passo..
Fico a pensar onde preciso ir... mas que importância tem onde ir? O importante é ir.
Não tenho pressa para chegar mesmo porque não sei onde desejo chegar.
Minha alma deseja o voo, mas perdi minhas asas ou cortaram-na. Não tenho certeza se foi uma coisa ou outra, sei que estou amputada... e eu me arrasto com os pés no chão, aterrizada... ou aterrorizada?
Alda Alves Barbosa