Maldita Angústia
Eu já corri milhas
Me afastei de todos para fugir dela
Coloquei fones no ouvido em alto volume para não ouvi-la
Mas ela sempre alcança os meus sensórios
E me asfixia.
Ela é pesada como um fardo
Nunca está satisfeita
Sempre quer me tirar a alegria
Invadindo os meus pensamentos com sua sombra cinzenta
Decapitando a minha essência
Adoecendo a minha existência.
Eu tento recorrer as minhas teorias
Mas ela já está lá
Me esperando, me seduzindo
Me chamando.
E eu vejo todos os anjos caindo diante de mim
Todos fracos e feridos
Todos sangrando em suas melancolias
Todos chorando.
Gotas e mais gotas frias caem do céu escuro
E eu busco a luz ofuscada da lua
E não encontro.
Nuvens negras se apossam de seu corpo
Roubando sua beleza
Estuprando sua grandeza.
E essa solitude que a consciência traz?
O que faço com ela?
Desde que abri os olhos neste mundo
Pela primeira vez
Vi anjos escondidos
Chorando pelos cantos
Outros pelos fundos.
Eu vivo tentando lhe calar
Tentando te afastar
Mas você insiste em me roubar a frágil alegria
Que me restou daquele edifício na infância que se quebrou.
Eu tento sonhar
Mas não consigo dormir
Mas que diabos, o que está acontecendo comigo?
Eu vejo o chão se afundar
E me vejo só nesta rua
O arvoredo sussurra canções de terror
Há uma criança perdida no fim da rua
Ela só quer um abraço
Para poder descansar.
Eu já estou ficando novamente sem ar
E não há mais oxigênio a se encontrar
Todo o restante se foi para o peito
Que é onde ela está.
Sempre está.
Eu bebo para afastar a consciência da impotência
Porque da potência dela eu não consigo escapar
Porque ela é onipresente
Onisciente de tudo que eu sinto aqui embaixo
Porque no fim,
O que ela quer são os versos
Doces e amargas palavras para enfeitar o meu caderno.
Desgraça por desgraça
Ela sempre quer o meu inferno.
Ah, indesejável companheira da vida!
És tu que caminharás comigo até o sepulcro
E depois voaremos para assombrar
Aqueles que nos assombraram em todo o nosso percurso.
E é por isso que me torturas e matas deste jeito?
Ah, maldita angústia!
Eu não consigo te suportar o dia inteiro.
https://eliaslimaescritor.wordpress.com/2015/08/22/maldita-angustia/