Caleidoscópio da Existência

Não me diga não!

Já ouvi demais esta palavra.

Não me afronte com negativas

nem, tampouco, com assertivas.

A vida e seus dilemas são muito mais do que estes pobres binômios!

Pois saiba que viver neste mundo-manicômio exige ir além da mera enunciação de sinônimos e antônimos

Para alguns mais é menos e para outrem menos é mais

para terceiros ah, tanto faz!

Há o discurso dos mudos,

o grito dos surdos, seja pela natureza, seja porque não têm vez neste cotidiano moribundo.

O silêncio dos loucos, a raiva contida dos deprimidos,

a obsessão dos histéricos e a histeria dos obsessivos.

As cortantes mágoas depositadas nos escombros do passado de uma família

e as confissões silenciadas pela perfídia.

Há ainda o choro risonho de um recém nascido,

que invade e devasta os tímpanos da alma amesquinhada pelo cotidiano enrubescido.

Portanto, deixemos de lado esse reducionismo

negativo e positivo, bem e mal e toda a sorte desse tipo de primarismo.

Brindemos, então, meu caro, à complexidade e às contradições da vida sem, contudo, esquecer que o único radicalismo a ser defendido é aquele que prega, sem pregas,

a afirmação contundente de que somos, antes de qualquer atributo singular, todos seres humanos,

prisioneiros do tempo, amantes dos sonhos,

expectadores de ilusões, reflexos e espelhos singulares do imenso caleidoscópio que é a mutante trajetória da existência.

G_Bienenstein
Enviado por G_Bienenstein em 19/08/2015
Reeditado em 08/03/2016
Código do texto: T5351546
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