Maquinário
Nosso corpo é um conjunto de ferramentas? Um emaranhado de artefatos que compõem uma oficina? Ou delicadezas, sutilezas e doçuras que na cadência do mover dos meus quadris fluem paisagens cor-de-rosa, de distâncias oceânicas, limites intransponíveis, fronteiras impossíveis?
Os olhos são mesmo as janelas da alma? Nesse pensar... os braços são colchões, machados ou travesseiros?
A boca melíflua... acaricia como algodão e eclode como vulcão.
Emite frases vorazes, tirânicas, devastadoras... Apaixonantes ou avassaladoras...
Pernas que lentamente caminham sem direção, pés calejados, mas que nunca se recusaram a seguir...
Cabelos tecem, enredam cabeças que de mãos recebem afagos, pêlos que arranham e marcam.
Sinestesia aflorada, tons graves que afastam, verbos que nada dizem e silêncios que tanto falam.
TR