Manhã de 14 de abril de 2015
(com sabor de Bardo que brada na quebrada)
Vim novamente da escola da história; aquela sofrida – ou nem tanto.
Passo e vejo a rasteira do capoeirista que entorta a pista ou somente meus olhos.
Leio enquetes no céu sobre cores do tempo, sobre sofrimentos e felicidades, casos eternos perdidos em uma bolha chamada: “talvez”... E algo mais, ou algo assim – ou nem tanto.
Sinto o cheiro de grama encharcada, de cavalo, daquele mato irrigado, daquela bosta de gado – estrume fresco. Pois bem, estou em casa, enfim.
(vou fazer café fresco, pão de centeio, queijo coalho e Muddy Waters no som bem alto).
Acendi a lareira, o incenso, a ideia e vi o moleque Manoelzinho descendo a ladeira nesse frio congelante e inventivo... Menino, sem casaco, sem uma calça quente, sem gorro, sem dente, sem família.
Voa por cima do muro uma coberta de linho (tenho uma novinha que ganhei da minha avó), ele pega e se transforma em um casulo gigante – algo pré-histórico.
Deu-me um nó na garganta e não consegui cantar! Resolvi fazer uma oração, calado.
(antigamente era mais fácil ser enfático, fantástico, fanático, fantasioso e sonhador).
Nesse instante um dos santos da estante me olha com um olhar de quem quer dar um passeio; me fala mudo com olhos fixos, e, por fim, me cala em receio.
O pego... Levo ao outro cômodo e o acomodo em cima do parapeito da janela. Nesse momento o tempo abre, o sol brota tímido e as nuvens quase se transluzem – dando para ver a felicidade ao longe.
André Anlub
(14/4/15)