Sobre a dor de(o) ser
Tentar provar para si que tudo pode ser esquecido é um erro fatal.
Olvidarmos o passado só nos leva a repeti-lo incansavelmente.
Feri-me de tal forma que minhas marcas ficaram na alma, mesmo depois de apagadas as lembranças.
Em meu livro, sobrescrevi os fatos, mas como marcas d’agua todo o vivido permaneceu a mostrar-se apenas aos olhos sensíveis à luz do espirito, ou até mesmo aos olhos de quem o lê com um pouco mais de atenção.
Assim como o tempo me marca a face, os cabelos e a vértebra, a dor pungente marcou-me os atos, o afeto, o sorriso... E gosto, tanto da amenidade dos lábios ao se abrirem, quanto da postura adquirida.
Você só é você, quando se vê aos extremos do sentimentalismo, e para isso é necessário cada fragmento de impulso pensado ou vivido no lacrimejar dos olhos, ou em cicatrizes na pele.