Lamúrios da floresta

A chiaba.

A bagana.

O Sacana.

O ato displicente.

A ponta do cigarro cai na mata, é mata e mata.

Desastrado ato faz estalar o mato, da brasa nasce a chama como num seio que mama. É fogo que não se mede pelo brilho mas pelo trilho nos galhos secos a estalar traquinos ecos murmúrios orquestrados pelos tremidos galhos hirtos medrosos a sacudir suas folhas inquietas, repletas de medo.

De bagana a graveto, de graveto a galho seco, o fogo cresce. O vento rege a orquestra dos estalos. Como deter o fogo impiedoso que toma forma de brasas a cada galho que cai! De fora a imagem ainda tão verde disfarçada faz parecer imponente a floresta ferida pelas chamas, como a dama que esconde varizes raízes por baixo do vestido verde. Haa.. Incendeia tanto a mulher quanto a chama e como os pensamentos o fogo é incontrolável e alcança as folhas medrosas mais altas. As raízes tentam acalmar as folhas, - a vida há de imperar!.

A fúria das chamas toma formas e desmascara o anterior verde externo, revelando o conflito na floresta. Até um riacho de águas vivas não para a vastidão do fogo, que é sabido e decide trafegar por entre galhos finos no cume das árvores. Por todo verde da terra, será o fim da floresta? Clamam as folhas à natureza e ao alvidre da prece ela conspira chuva fina a percorrer todo aquele verde silvestre.

As águas somam-se ao choro das folhas e diminuem a fúria do fogo, escorrem pelas folhas e pingam das flores chorosas, o choro rasteja pelos galhos e termina no pequeno riacho, mas não apaga a brasa mais profunda daquela bagana atrevida, chiaba ponta maldita, enrustida pelo medo das folhas esverdeadas. O choro das águas remedia, mas não apaga as chamas que voltam a ser vastas e as cinzas crescentes. A bagana e o sacana. O fogo e água. As varizes raízes e o vestido. A dor e o medo. O choro e a chuva. As chamas cegas e furiosas sentem-se supremas, atacam sem direção, dá voltas na floresta e esbarram em si mesmas. O mal cercou o próprio mal e com a essência passageira apagou a si mesmo, deixando de ceifar o restante pavor do verde. As raízes foram as únicas que sobraram para rir do acontecido e acalentar as sobras das folhas. Nós dissemos: - a vida há de imperar. as cinzas voltarão a ser a imensidão

verde.

Alexandre Magno Brandão
Enviado por Alexandre Magno Brandão em 07/08/2015
Reeditado em 15/07/2016
Código do texto: T5338289
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