Pássaro do meu Eu
O problema não é o sujeito ter avidez exacerbada por dinheiro; o problema é ele pensar que todos seguem esse objetivo.
O segredo é parar de bater o pé falando que o tempo voa e começar a bater as asas voando mais alto que ele.
A gente se habitua a tudo na vida; dá-se o nome de flexibilidade.
Quando habitua-se com assiduidade, dá-se o nome de comodismo.
Pássaro do meu Eu
Vai sem pressa à mesa – mas com firmeza, ao menos dessa vez.
Os pássaros estão inquietos:
O beija-flor parou seu beijo e ficou inerte, de butuca na sobremesa;
O Pintassilgo pinta a selva e voa.
Não há necessidade, tampouco idade, para se buscar ternura;
Há sim o sol escasso, pois morre um pouquinho todos os dias,
Mas não perde as vigílias, mesmo lá ao longe no espaço.
Vem com pressa, pois há a recompensa que não condensa aos olhos da Condessa;
Eis os muitos sensatos planos, pois não são de roubos a bancos...
São planos no âmbito das paixões insanas, nas conjecturas sanhas,
Que recentemente e sempre falta/faltou coragem de um Eu que impeça.
Quer ter coragem para encarar o meu medo, é simples:
Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa;
Sou aquele pássaro que escapa da gaiola
E por dentro sai cantarolando “Wild Horses” dos Stones,
Mas pelo bico sai meu canto de ave mesmo;
É aquele animal em extinção que anda na lenha, no lema e na linha...
Aquele “ex-tição” que ganha brilho; é tal que tem tal de compaixão,
E com paixão põe à mesa e assopra as quarenta e quatro velinhas.
André Anlub
(28/1/15)