NO TOPO DA VIDA
É bonita a visão daqui de cima.
Lá embaixo, o vale.
Mais além, um rio,
a serpentear, tal colar de prata
sumindo entre o arvoredo
e reaparecendo mais à frente,
no descampado.
Acima, o céu, onde o azul
é salpicado por tufos de algodão
- nuvens - em tons branco,
laranja e cinza.
Posso sentir a profundidade
do ar, tal um absinto
que me transporta, talvez,
a um universo irreal, inexistente
que se compõe, até onde
a visão alcança...
Lá ao longe, montanhas azuis,
num final que jamais chega
a um final e onde talvez,
no recôndito da existência,
ecoe o som, se eu gritar.
Mas não gritarei.
Apenas olharei, com os olhos
da alma, sempre a admirar
a imensidão perdida
de um mundo a se estender
e morrer, no encontro da terra
com o céu!
Estou sentada sob uma árvore,
no topo da colina.
E me deixo levar pelo que enxergo
lá embaixo, num descortinar
pra lá de exuberante.
Eu, e a natureza tão somente,
na solicitude de um encontro,
do belo com o absorver,
do existir do ser
com o sentimento da alma,
do contraste da essência,
com a imensidão intangível
que sobreviverá a nós,
por muitos e muitos séculos
ainda. Talvez sempre!
Amém!