DE PALAVRA NUA
Assumo ser um compulsivo no exercício da escrita, na lavratura do real travestido de palavra nua. Este compromisso me parece importante. Todavia, nem sempre consigo “verter a alma” no ato da transfiguração do real travestido pela verve em estado de nudez. Noutras vezes, é o corpo que se tatua na ânsia pela palavra. Quando isto não ocorre, simplesmente a fantasia constrói a verdade literária tida como havida. E, pelo milagre dos signos, esta meia-verdade passa a ter vida própria. Ou melhor: adquire vida à revelia do cordão umbilical. E, se tudo der certo em sua trajetória, em cinquenta a cem anos após o parto, voejará na "inteligência coletiva" tal uma vestal imaculada. Mais verdadeira do que nunca...
– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5329644