A casa do sonho
A casa da vila,
da vila dos pobres, ainda está lá;
Ainda pequena
Ainda pobre,
Ainda tão acolhedora.
Outras mães e outras crianças como eu ela ainda abriga.
Se foram os Flamboians, os pássaros e o campinho de futebol,
Se foram as fogueiras que iluminavam as noites de Junho.
Onde estarão meu velhos camaradas?
Serafim, Osminio, Toninho, Tininho, Zico, João Belão;
E o lendário Dito que me que me apresentou a John Wayne,
Steve Macqueen, Kirk Douglas.
Onde estará o meu cavalo de pau, a minha espada, meu chapéu?
Em que estrada, e em que batalhas se perderam?
Ah! Minha mãe na madrugada chuvosa,
a soprar a lenha, para fazer o milagre do fogo;
O teu olhar sereno, sua vós terna me dizendo da soleira da porta:
--- Vai com Deus meu filho.
Se foram estes tempos tão gentis.
Ficaram na memória as noites de lua prateando o mundo,
A velha escrivaninha, os mágicos livros
tão amigos;
E a tremular no escuro da distância,
a pálida luz de uma pequena lamparina.