Nem tão distante assim...
Ali no passado, não tão distante havia uma rede no alpendre onde a gente se encantava com o espetáculo no céu, onde era nos contado a estória daquelas três estrelinhas juntas chamadas: três Marias e o deslumbre com a lua.
Às vezes nas noites enluaradas o passeio a cavalo ou na charrete em visita aos vizinhos, grilos e corujas e aquele assovio do pai.
Nas manhas aquele cheiro de estrume de vacas recém chegadas para a ordenha.
E naquelas tardes quase lilases o barulho do monjolo quebrava o silencio.
Acordava-se muito cedo em dia de matar aquele porco da engorda; era a hora de abastecer a dispensa. Talvez o galo se perdesse nesse dia.
Com folhas secas de bananeira sapecava-o e aquele rabo torradinho era disputado.
Fazia-se linguiça, como era interessante aquele processo, até mesmo o bucho tratado era recheado e o sabor era indescritível. Talvez um sabor de mãe.
No ar aquele cheiro de tempero forte e a fumaça da lamparina.
Antes mesmo do almoço, era levado um pouco de agrado aos vizinhos em pequenas vasilhas cobertas com folhas verdes também de bananeira.
Essa quebra de rotina simplesmente virava festa, “éramos felizes e não sabíamos.”
Nem tão distante assim... Quantas selfies guardadas na memória de mim.
Uberlândia MG
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