O poeta e a morte

O poeta e a morte

Quando eu me for, que não seja de amor, nem de pranto com dor,

Tampouco que fique ao relento.

Que venham vozes sobre minhas palavras, que eu possa deixar frases eternas assim como

Virgínia e Clarice.

Que fique encantada feito o Quintana, inesquecivelmente imoral como Vinícius, e que

possa saborear alguns fluidos doces, como beijos de noite.

Que eu fique perplexa com a imensidão de cores que verei por lá.

Mário de Andrade poetizou suas vontades póstumas, e que seja assim comigo também, que

cada verso seja lembrado, cada abraço sublimado, e a saudade cantarolada por amigos que

fiz.

Terei traçado como Cecília um jardim com borboletas, e um sem fim pra continuar

lindamente a história sem uma última página.

Que os poetas sejam mais que o vento, que não saiam por ai a pelejar,

mas que beijem almas como os pássaros fazem em flores brotadas no universo.

O poeta é aquilo que em nenhum tempo haverá de ser derradeiro.

Mônica Ribeiro

27/01/2015

Mônica Ribeiro
Enviado por Mônica Ribeiro em 26/07/2015
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