Das ruínas de minha cidade fantasma - 3
meus córnios meu deus bêbada eu de cara limpa como quem passa a noite em sujo no botequim de esquina mergulhada na massa de sombra e lodo esverdeada. o tempo colado à boca no céu beijando o chão. a palma da mão virada pra cima colhendo sereno e possível chuva.
cães lambem minha face cansada e minha mão solitária, meu corpo límbico limbo no piscar da luz do poste que se apoia em mim. e me trespassa perplexa meu plexo embrulha e desembrulha como quem se regurgita origami nas palavras.
a vida me passa na cara.
no fim da noite me re_velo na fumaça de um cigarro do velho homem e escrevo palavras no ar e me revejo na borda do copo de lua quente... não estou bêbada digo ao gato que me ciranda nas pernas seus olhos de sol me sabem na noite mais escura que seus pêlos negros.
Rio, dois mil e sempre.