Pegadas

Já estou nesta caminhada há alguns anos. Alguns passos foram rápidos, outros lentos, outros grandes, outros pequenos, uns empolgados, outros contidos, um passo de cada vez, às vezes mais. Nesta caminhada já levei carga pesadas nas costas, algumas que não pesavam tanto e, bem no começo da caminhada, não carregava carga alguma.

Hoje não sei exatamente qual é o peso dela, mas levo uma extensa bagagem cheia de lembranças boas e ruins, sorriso, lágrimas, decepções, medos, dores e arrependimentos, saudades, loucuras, desejos, raiva, amores inesquecíveis... Enfim, é tanta coisa! Pouca gente entende o tamanho ou o peso dela, pois não andaram pelos mesmos caminhos que eu e talvez seus pés não estejam tão cansados quanto os meus.

Eu caí inúmeras vezes durante o trajeto e pensei que o meu lugar era ali, no chão, já que nenhum mapa que me deram e nenhuma direção que me ensinaram me fizeram chegar ao objetivo. Mas sou teimosa, a esperança e a fé estenderam-me os braços e me ajudaram a levantar.

Sempre caminhei com os pés descalços, e aguentei firmemente a dor que isso me causou até chegar onde estou. Pisei em pedras que me machucaram e me fizeram acreditar por alguns momentos que o caminho era errado e era melhor desistir. Saí do caminho várias vezes e peguei atalhos até que percebi que o caminho mais longo, por mais complicado que seja, era o mais seguro e o mais bonito. E hoje ao olhar para trás e ver minhas pegadas posso dizer tranquilamente que tenho orgulho das minas feridas, que tudo o que eu fiz valeu a pena. Nunca precisei atravessar o caminho de ninguém para conseguir o que queria.

Conheci pessoas na estrada nas quais deixei pegadas profundas e em outras, superficiais e todas as pegadas foram verdadeiras.

Valeu cada suor que escorreu e que ainda escorre pelo meu corpo cansado. Já estou caminhando há anos e ainda tenho muitas pegadas a deixar.