Desdobrar

Devagar a tinta delineia tuas possibilidades na pele e a linha do horizonte expande-se para além do espaço dos nossos corpos. Escreverei teu olhar na solidão que se destaca pela vidraça da janela do meu quarto enquanto aos poucos teço a nudez da cútis no final da tarde que se aproxima e sussurra ventos de agosto, ao pé do universo que murmura o divino que há em nós. Então ando pela casa, desdobro lençóis, deixo a penumbra invadir a quietude do quarto e um desaguar e um tremor me preenche da sensação viva de todo vulcão de gozos que há em ti e os lábios em brasa aguardam o instante do beijo indiscreto que toca e define os rumos e as altas marés cíclicas de nós.