FIM DE TEMPORADA
Acabaram as tardes de inverno forçado, as tardes de cortinas e portas fechadas. Fim do frio do fogo da TV invadindo o quarto a qualquer hora e aquele povo da grande muralha, protegendo-se da dor e da morte. E a morte sempre, inevitavelmente, presente, e sempre, sempre sangrenta como num filme de Tarantino. E, entre uma pausa e outra, volto meus olhos para o fone e vejo se o meu grande amor respondeu a última provocação. Ainda não. Depois penso que estou em minha torre e jamais terei o amor “pra sempre”; serei sempre a dona da minha cidadela e o preço será a minha eterna solidão. Mas, em seguida, me recordo que o pra sempre nem sempre dura tanto. Penso nos textos a serem lidos e do grande proveito que me faria uma caminhada no parque. Decido ficar onde estou e prometo que assim que levantar e, enfim, deixar minhas fronhas, vou escrever um texto com toda minha rotina envolta em pensamentos e desalentos. Uma lágrima escorre em meu rosto e fico dividida entre me matar e levantar. Apesar de a morte ser muito interessante, costuma dar muito trabalho. Então, por ausência de iniciativa, fico no mesmo lugar, vendo o Joffrey perder a vida sob o efeito de um veneno estrangulador. Era inevitável que isso acontecesse, logo ele, fruto de um amor incestuoso, neto de um completo tirano. Por hoje, minha missão está cumprida, vamos à próxima temporada.