Os sentidos do sentir

Quis poder se sentar e escrever como há tempos...

Quis poder escolher as palavras certas para expressar as dores que sentia sem sentido.

Amores roubados, decepções, batalhas infundadas que a afundaram...

Sonhou com um anjo que ao renegar as próprias asas lhe negou o que de mais precioso poderia ter.

Sonhou com uma alma que a deixou desalmada.

Sonhou com um Eu que não existia e deliberadamente apagou de si seu Eu real.

Quase sucumbiu e voltou ao pó. Quase se perdeu completamente sozinha, mas ao se deparar com as fraquezas de si mesma, soube imediatamente o que fazer. Levantou e saiu do torpor que a assombrou.

Aprendeu à duras penas que não deve ter pena de si ou do que não foi,

Que deve fazer valer à pena o que é

E soltar a pena no branco puro que a aceita como é...

Com as dores que tem e as lutas que trava.

A pena transita e transcreve o sentido exato do que sente.

Sobreviveu à escuridão,

Sobreviveu às guerras interiores

E aos gritos por socorro que seus olhos escoavam pra fora;

Não tinha como atender ou entender,

Mas sentia e não tinha sentido.

Andou pelas margens da vida

Mais tempo do que a vida em questão merecia.

Se refez e fez questão de refazer seu caminho desfeito.

No mais, está indo embora,

Sem mais nem menos querer ou poder...

Apenas sentindo o que ainda não tem sentido.

Isabel Cristina Oller
Enviado por Isabel Cristina Oller em 13/07/2015
Código do texto: T5309956
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