Os sentidos do sentir
Quis poder se sentar e escrever como há tempos...
Quis poder escolher as palavras certas para expressar as dores que sentia sem sentido.
Amores roubados, decepções, batalhas infundadas que a afundaram...
Sonhou com um anjo que ao renegar as próprias asas lhe negou o que de mais precioso poderia ter.
Sonhou com uma alma que a deixou desalmada.
Sonhou com um Eu que não existia e deliberadamente apagou de si seu Eu real.
Quase sucumbiu e voltou ao pó. Quase se perdeu completamente sozinha, mas ao se deparar com as fraquezas de si mesma, soube imediatamente o que fazer. Levantou e saiu do torpor que a assombrou.
Aprendeu à duras penas que não deve ter pena de si ou do que não foi,
Que deve fazer valer à pena o que é
E soltar a pena no branco puro que a aceita como é...
Com as dores que tem e as lutas que trava.
A pena transita e transcreve o sentido exato do que sente.
Sobreviveu à escuridão,
Sobreviveu às guerras interiores
E aos gritos por socorro que seus olhos escoavam pra fora;
Não tinha como atender ou entender,
Mas sentia e não tinha sentido.
Andou pelas margens da vida
Mais tempo do que a vida em questão merecia.
Se refez e fez questão de refazer seu caminho desfeito.
No mais, está indo embora,
Sem mais nem menos querer ou poder...
Apenas sentindo o que ainda não tem sentido.