Travessia
Nas águas da vida, lancei meu barquinho
E cheio de esperança passei a remar
Algumas rochas surgiram e com esforço
Consegui me desviar e seguir remando
A força do vento por vezes fez pesado o remo
Mas sempre num empenho crescente
Continuei remando com as forças da fé
Veio porém, repentina estiagem
E já no meio da travessia baixaram as águas
Encalhado, não adianta esbravejar
É inútil lamentar, e até mesmo remar
Só há uma maneira de seguir em frente
Antes que seja tarde é preciso agir
Abandonar o conforto da embarcação
Lançar mão da bagagem essencial
Deixando para traz parte da carga
Ter coragem de caminhar com esforço
E a insegurança de pisar a lama escorregadia
Com cuidado para não cair, pois seria pior
Abrir mão do barco e dos bens que lá estão
Uma vez que jamais será possível recuperá-los
Evitar sequer olhar para traz e ver desolado
Conquistas de uma vida que se perderam
Mesmo sabendo o valor que elas tinham
Num esforço redobrado buscar o objetivo
De cruzar as águas mesmo que rasas e lamacentas
Até chegar do outro lado e enfim descansar.