Travessia

Nas águas da vida, lancei meu barquinho

E cheio de esperança passei a remar

Algumas rochas surgiram e com esforço

Consegui me desviar e seguir remando

A força do vento por vezes fez pesado o remo

Mas sempre num empenho crescente

Continuei remando com as forças da fé

Veio porém, repentina estiagem

E já no meio da travessia baixaram as águas

Encalhado, não adianta esbravejar

É inútil lamentar, e até mesmo remar

Só há uma maneira de seguir em frente

Antes que seja tarde é preciso agir

Abandonar o conforto da embarcação

Lançar mão da bagagem essencial

Deixando para traz parte da carga

Ter coragem de caminhar com esforço

E a insegurança de pisar a lama escorregadia

Com cuidado para não cair, pois seria pior

Abrir mão do barco e dos bens que lá estão

Uma vez que jamais será possível recuperá-los

Evitar sequer olhar para traz e ver desolado

Conquistas de uma vida que se perderam

Mesmo sabendo o valor que elas tinham

Num esforço redobrado buscar o objetivo

De cruzar as águas mesmo que rasas e lamacentas

Até chegar do outro lado e enfim descansar.

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 10/07/2015
Código do texto: T5305827
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