Foto de Ísis Dumont - Prosa e Poesia.
 
Quando a Lua despontou

 
De repente, nem havíamos combinado. A princípio era só uma conversa informal. Poderia ter sido breve, o assunto era simples.
A lua ainda não despontara, A noite estava calma. Nossos assuntos variavam. Conversa vai, conversa vem, e, daqui ‘a pouco’ me vi quase no meio de uma entrevista não ‘programada’. Às vezes é assim que acontece.
Voltei algumas vezes no túnel do tempo. Percorri alguns trechos dos caminhos por onde andei. Voltei nos eventos que me fizeram ser assim, e me levaram  para onde estou. Caminhei a passos largos para tocar com as mãos alguns dos meus sonhos mais importantes.

Percebi sua ‘curiosidade’, cada vez mais aguçada, de saber sobre ‘mim’, sobre como
foi o início dessa minha vida metida a rabiscar letras, desenhar palavras e construir frases ou versos... Como queiram denominar.

Penso que agora me conhece um pouco mais. Disse-me que por aqui sou "raridade".
E faço disso uma oportunidade para falar de amor e dor! Das dores que já vivi, das 'dores' dos outros, porque, como a alegria e tantos outros sentimentos, 'elas' são inerentes ao ser.
São as dores da humanidade que mais pesam sobre os ombros do meu coração!
Mas falo muito e muito de amor! De amores idealizados, de amores dos outros...
Do meu amor próprio, do amor que fantasio e do amor que vivo mergulhada.

É necessário ter amor próprio, gostar de si mesmo. Saber que somos importantes como pessoas, como ser humano. Somos raridade, sim, preciosos aos olhos
do Pai. Saber que temos um papel relevante a desempenhar em nossa breve trajetória existencial, e que isso não pode ser delegado para mais ninguém! Ou eu faço meu papel, ou a página vai permanecer em branco, porque outra pessoa não sabe e por isso não vai ousar colocar nem o polegar!


Uma pausa para respirar e sair para ver a noite lá fora...
O céu estava perfeito, lindo, bordado
de estrelas, e a Lua?... Essa já despontara fazia tempo.
Meu acompanhante... já dormira um sono, segurando as rédeas de seus cavalos.
'É' hora de sair correndo e voltar para
meu aconchego. Lá... onde as palavras continuarão povoando meus pensamentos.
E os cavalos serão abastecidos para o próximo alvorecer, onde mais uma mesa numa sala grande ou pequena estarão
a minha espera, e lá deixarei em uma taça uma porção desse vinho que me embriaga e me faz ser ébrio com toda minha lucidez!


Mas... se não houver sala nem mesa, sentaremos no chão, na calçada, junto ao meio fio, no asfalto, na relva, na areia da praia, na estação do metrô, no aeroporto, no cais, na praça, às margens do caminho, no barraco.
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Obrigada pela oportunidade de falar
de amor e dor; de falar da vida, falar da Lua, de cavalos e de meu acompanhante
que ninguém conhece, nem eu!
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Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 07/07/2015
Reeditado em 09/10/2017
Código do texto: T5302466
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