Lembranças
Onde fiquei na memória?
Nunca estive aqui!
Cheiros preenchem ausências
Dando vidas às taperas.
Tardes de céu cerejas
Misturadas com quimeras.
Vento, cantos de canários,
Guarirobas das janelas.
Ao longe o Rio Baia,
Correntezas tão singelas.
Ribeiras de terracotas.
Roncos de jaús.
Noite, bocas cor de prata,
Sonhos, cheiros de umbus.
Madrugadas de feitiços,
Espanta o sono da gente,
Tropel de mulas e mouros,
... silêncio de repente.
Manhãs de nuvens umbrosas,
Almoço com sol a pino,
Como deixar o meu rancho,
Nostalgia de menino.
Gramíneas, perdas de viço,
Mormaços de terra quente.
Musical de passopretos,
Sinfonias que não quebra.
Ninhos de gralhas-azuis,
Filhotes de tatus-pebas.
Lembrança é puro ozônio,
Nas desmatadas da vida.
As vezes evaporo-me
Dou asas para minh´alma.
Retorno ao meu passado,
Desfrutando desta calma.
Infância de cheiro guaviras,
Que eu jamais conheci.
Como deixar o meu
Rancho nunca estive aqui!