És fogo e luz
É preciso chama acesa, que não provoque queimaduras, para que eu sobreviva a invernos rigorosos. Graças a algum santo, que ainda não foi beatificado, encontrei o teu zelo, que, assim como uma lareira, há semanas me mantém aquecida. Num ato de completa valentia, deixei-me desentorpecer - a inércia e a secura, típicas desta época do ano, já não cabem a mim. Conseguistes cravar na minha alma tua voz. Mas não me refiro àquela engenhada por tuas cordas vocais. Não são ecos de notas de Dó-Ré-Mi num semitom desafinado. São sobreposições de quereres, que de tanto me serem demonstrados, me abarrotaram por dentro, e por inteira. Minhas vozes dizem que a sua é verdade. O estopim. Era deste aval que eu precisava para que eu me abandonasse na porta da sua casa.
Toc Toc Toc.