Crise de escritora
Ah!
Aquela vontade insana de escrever sem saber o quê e sem ter a mínima inspiração, ou mesmo vergonha na cara de continuar o que já está sendo escrito. Misturada àquele gostinho de culpa por ter um motivo “importante” para escrever algo sério, mas simplesmente falta a coragem.
Ah! Aquela vontade irreprimível, que chega até a coçar a mão. Misturada àquele gostinho de decepção por perceber tantos caderninhos em branco espalhados pelo quarto.
Que vergonha esse teu vício, menina! Vício de comprar cadernos prometendo preencher com palavras o que as linhas brancas anseiam por dizer. Vergonha dessa tua preguiça, dessa mania feia de nunca cumprir o que prometes, de querer e não querer ao mesmo tempo.
Te decide, te mexe, te levanta!
Pega nesse teu lápis e encontra, lá no fundo da alma, teu espírito de escritora, tua disposição em letras, teu amontoado de ideias.
Bora, que o mundo gira, o tempo passa, e tu, numa dessas de preguiça, perde a chance e o talento.
Liberta-te! Põe em versos o teu ser, em prosa o teu não-ser e em estribilhos o teu carrilhão de sentimentos! Mesmo que Hart tenha dito que as palavras nunca irão te compreender por inteira, muito menos as pessoas que as hão de ler.
Mesmo assim, te arranca dessa cadeira, te mete a andar pelo quarto, te mexe, garota, te mexe!
Bora, que gira o mundo.
E o vagabundo, nem mesmo a chance ele tem de fracassar.