Raiva de Amar
Amar e odiar ao mesmo tempo é a expressão de amar verdadeiramente. Quem odeia, ama. Pois o ódio momentâneo não despedaça um amor constante sem uma grande razão. E o que sentimos por aqueles que não amamos, nem tampouco odiamos, é um amor instantâneo que nos faz amantes perdidos numa profunda ilusão. Um amor platônico que pode se despedaçar em instantes.
Quem não odeia, não ama. Mas quem não ama e também não odeia, acha que está amando quando, em verdade, apenas deseja.
O amor não é tão simples quanto nos contos de fadas. Nem é tão puro, nem é tão belo. Também não é tão complexo quanto nas telenovelas. Nem é tão sujo, nem é tão triste. Para amar, basta gostar imensamente por alguns instantes. Mas para amar de verdade, é preciso ter raiva. Ninguém ama para sempre, mas quem ama de verdade, ama até esgotar a alma.
Odiar é amar ao contrário.
É ter raiva de querer.
É o desgostar solitário.
É a lágrima que molha o rosto de quem ama sem perceber.
Um dia me disseram que era melhor amar e perder do que sequer ter amado. Mas quem nunca amou não conhece a dor de perder. E, se não a conhece, não lhe importa. Que dizer?
Entre dor e indiferença,
Qual o melhor a ser sentido?
Qual o pior a ser notado?
Só Platão teria a resposta deste conflito inacabado.
Ao resto de todos os amantes, cabe amar a incerteza de amar e ser amado.