Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. José Saramago
De olhos vendados (EC)
Não sei se vi, olhei...
Sei, porém que não me detive,
Não apreciei, aos poucos, vagarosamente.
Não enxerguei o fundo angustiado do teu olhar,
Vi superficialmente um placidez feita de falsa calmaria...
E tu pedias,
Invade, penetra no que sou eu, nu de meras fantasias,
Repara no meu convite, para que ouses um pouco que seja, a profundidade.
Fui pela superfície. Assim parecia mais fácil.
Navegar teu lagos,
Navegar meu próprio lago em marasmos,
E nada de mar a céu aberto,
Nada de ondas, turbulências e naufrágios...
Olhei sem me deter para a flor do caminho,
E a vi apenas como mera erva de estrada.
Não enxerguei seus entremeios, o belo das entrelinhas,
O vivo das cores.
Não reparei a intenção
Nem me aprofundei na emoção
Os gestos não me apercebi,
Vivi uma mera ilusão
De que sempre, estarias ali.
Ao meu dispor, chamado.
Ao meu morno sentir,
Achei ser o bastante,
Inteira equivocada
Em sonhos, ocos, encastelada...
Precisou que tu te fosses
Para que tudo ruísse
Os olhos abrissem
Para enxergar
Ver, reparar
Que o amar requer
Um outro mais acurado olhar
E sem entregas, genuínas,
Sem generoso partilhar
É como ser cego,
Meio a multidão, sem sequer tatear...
"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antoine de Saint-Exupéry
Não sei se vi, olhei...
Sei, porém que não me detive,
Não apreciei, aos poucos, vagarosamente.
Não enxerguei o fundo angustiado do teu olhar,
Vi superficialmente um placidez feita de falsa calmaria...
E tu pedias,
Invade, penetra no que sou eu, nu de meras fantasias,
Repara no meu convite, para que ouses um pouco que seja, a profundidade.
Fui pela superfície. Assim parecia mais fácil.
Navegar teu lagos,
Navegar meu próprio lago em marasmos,
E nada de mar a céu aberto,
Nada de ondas, turbulências e naufrágios...
Olhei sem me deter para a flor do caminho,
E a vi apenas como mera erva de estrada.
Não enxerguei seus entremeios, o belo das entrelinhas,
O vivo das cores.
Não reparei a intenção
Nem me aprofundei na emoção
Os gestos não me apercebi,
Vivi uma mera ilusão
De que sempre, estarias ali.
Ao meu dispor, chamado.
Ao meu morno sentir,
Achei ser o bastante,
Inteira equivocada
Em sonhos, ocos, encastelada...
Precisou que tu te fosses
Para que tudo ruísse
Os olhos abrissem
Para enxergar
Ver, reparar
Que o amar requer
Um outro mais acurado olhar
E sem entregas, genuínas,
Sem generoso partilhar
É como ser cego,
Meio a multidão, sem sequer tatear...
"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antoine de Saint-Exupéry
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - O Dia em que Fiquei Cego
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