Luta
Repenso as flores que invento e entrego
aos ventos de outrora; sem destinatários certos
Soube da vida quase tudo o que sangra
ou faz sofrer...por mensageiros suicidas;
noites vadias sem medida nem consolo. Vendo
erguerem-se portas que não ligam lugares
muros que não separam nada além
vidas que não se completam...amores dissidentes
do ódio ou repulsa de si mesmos
pulsa em mim o demônio de dias tumultuados
de pesados dias de realidades chocantes
buscando enfim uma saída nessa passagem
também superlotada...infortúnios e escárnio de sonhos
_migalhas de vida!- que por ventura me tenham sobrado
nada que agarro é suficientemente meu
nem esse grito que emperra em minha garganta
suplicando o alívio para dores de outro que não eu
sufocando sonhos a mim atribuídos por enganos tantos
era fácil fugir de mim quando estava acorrentado
por própria vontade e estúpida lucidez
até essa fúria de erros e disfarçadas vontades alcançar o cume
um projeto de morte e vida e segredos violentados
chega o dia que em mim busco o que de mim sempre se perdeu
quando nada mais parece ser tão insano
quanto a própria razão de ser e estar
quando perco a noção de realidade
e exageros de projetos me vêm à mente em procissão...
meu elo entre absurdo e concreto
céu e inferno...luz e treva
é o escárnio de dias futuros: duelo entre o que sou e fui
e o que mais não me pertence
além das minhas lutas.