Luta

Repenso as flores que invento e entrego

aos ventos de outrora; sem destinatários certos

Soube da vida quase tudo o que sangra

ou faz sofrer...por mensageiros suicidas;

noites vadias sem medida nem consolo. Vendo

erguerem-se portas que não ligam lugares

muros que não separam nada além

vidas que não se completam...amores dissidentes

do ódio ou repulsa de si mesmos

pulsa em mim o demônio de dias tumultuados

de pesados dias de realidades chocantes

buscando enfim uma saída nessa passagem

também superlotada...infortúnios e escárnio de sonhos

_migalhas de vida!- que por ventura me tenham sobrado

nada que agarro é suficientemente meu

nem esse grito que emperra em minha garganta

suplicando o alívio para dores de outro que não eu

sufocando sonhos a mim atribuídos por enganos tantos

era fácil fugir de mim quando estava acorrentado

por própria vontade e estúpida lucidez

até essa fúria de erros e disfarçadas vontades alcançar o cume

um projeto de morte e vida e segredos violentados

chega o dia que em mim busco o que de mim sempre se perdeu

quando nada mais parece ser tão insano

quanto a própria razão de ser e estar

quando perco a noção de realidade

e exageros de projetos me vêm à mente em procissão...

meu elo entre absurdo e concreto

céu e inferno...luz e treva

é o escárnio de dias futuros: duelo entre o que sou e fui

e o que mais não me pertence

além das minhas lutas.

Fulvius
Enviado por Fulvius em 24/06/2015
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