Hoje é diferente
Estive nos igarapés.
Na transparência das águas, vi no fundo as areias
que silenciosas e discretas
entregavam-se despreocupadas às águas.
Ouvi pausadamente bem ao fundo das matas,
o canto do rouxinol...
Caminhei
na solidão das paisagens que me vinham em turbilhões,
atordoando-me
feito reprises, em minha mente.
Repensei histórias contadas, outras, vividas.
Nunca havia ido ao céu, senão na ânsia do meu olhar.
Os meus nuncas acentuaram-se...
Nunca, havia sido amada, nunca havia...
Sempre em minhas tristezas,
o máximo que alcancei o outro lado,
foi o meio apenas, do mar.
Fui sim ao fundo dele
Nunca, nunca consegui atravessá-lo.
Asas partiam-se ao meio
quando pelos ares voei em busca de uma vã felicidade.
Já senti o calor das lágrimas descerem,
sem saber o porque do vazio.
Quem disse que o vazio não fere, não dói?
Hoje? ...
Hoje... Ouço mais que o coral das aves soltas
sobrevoando as flores.
Voo...
Sem retirar os meus pés do chão,
eu consigo voar muito, além do comum!
Tão mais intenso é viver,
é como se antes de te conhecer,
Todo o resto de tudo fosse em vão.
Porque de tudo o que já ouvi.
De tudo o que já senti e vivi...
De tudo o que a minha alma se enterneceu.
Nada se compara ao amor que eu sinto por ti.
Liduina do Nascimento
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